Com festa, presos comemoram conclusão de curso de fabricação de blocos de cimento e pavers
24 de novembro de 2022 1 Por RedaçãoDando prosseguimento ao projeto de ter o trabalho como uma das principais ferramentas no processo de ressocialização de presos, a Penitenciária Industrial de Maringá – Unidade de Progressão (PIM-UP) fornece cursos profissionalizantes a seus internos, tanto para que possam trabalhar e ganhar dinheiro na própria penitenciária, reduzindo um dia da pena a cada três dias trabalhados, quanto para fornecer ocupação e uma profissão que poderá ser uma alternativa para quando o preso deixar a prisão.
Um grupo de 22 internos da Penitenciária Industrial de Maringá – Unidade de Progressão (PIM-UP) concluiu o curso profissionalizante de Artefatos e Concretos, oferecido pela unidade em parceria com a empresa ABC Training, com todas as aulas teóricas e práticas realizadas dentro da penitenciária, em um total de 160 horas.
O curso, que teve orientação do professor José Antonio Gregório, faz parte da programação da Unidade de Progressão para oferecer opções para que o preso aprenda profissões que podem lhe ser úteis ao ser reinserido na sociedade após o cumprimento da pena, bem como alternativa de trabalho enquanto cumpre a pena, recebendo salário mensal para suas despesas, ajudar a família e ainda contar com uma poupança para quando sair da prisão.
O diretor da unidade prisional, Vaine Gomes, disse que para o êxito do curso muito contribuiu o fato de a Penitenciária Industrial de Maringá contar em suas dependências com uma fábrica de artefatos de cimento onde são produzidos blocos e pavers. “Os blocos e pavers feitos pelos próprios presos participantes do curso, durante as aulas práticas, reforçam o aprendizado”, afirma Gomes.
A pequena indústria instalada no pátio da PIM conta com equipamentos modernos e os blocos e pavers ali produzidos são utilizados em obras no Complexo Penitenciário de Maringá, que engloba a Penitenciária Estadual, Casa de Custódia e a PIM, além de outras unidades prisionais da região, como é o caso da Penitenciária de Campo Mourão. Parte da produção deverá ser aplicada em breve no calçamento da chamada Estrada Velha Maringá-Paiçandu, no trecho em frente às três penitenciárias.
“Durante o curso, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer todo o funcionamento, montagem e manutenção do maquinário, bem como foram treinados para operá-los”, disse o diretor.
Ter profissão é ter alternativa na vida
Para o interno Cleberson Itero, ter participado do curso pode ampliar suas opções profissionais. Ele lembra que quando estava fora do cárcere foi procurar emprego em uma fábrica de artefatos de cimento em sua cidade e a vaga lhe foi negada por falta de experiência. O tempo passou, ele acabou caindo no crime, e de volta à penitenciária, teve a chance de se qualificar e agora aproveitou a oportunidade, participando de todas as aulas. E, o mais importante: após o curso já conseguiu uma vaga de trabalho na própria fábrica dentro da unidade, o que significa que ele terá um salário e assim poderá ajudar sua família.
Cristian completa nos próximos dias 15 anos de prisão e corria o risco de sair 15 anos mais velho e sem saber o que fazer da vida. Porém, diz que as esperanças agora são outras porque ao terminar sua pena e reiniciar a vida fora da prisão poderá contar com uma profissão. Ele foi um dos 22 alunos do professor Gregório e diz que assim tem mais uma alternativa profissional, já que desde que foi transferido para a Penitenciária Industrial já fez também outros cursos profissionalizantes.
A Progressão como meta
Priorizar a progressão do preso para que ele permaneça menos tempo na prisão, possa se sustentar enquanto cumpre pena e ainda ajudar sua família e guardar dinheiro para reiniciar a vida ao sair da prisão é a meta do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen) ao criar a Penitenciária Industrial de Maringá – Unidade de Progressão (PIM-UP), uma evolução da antiga Colônia Penal Industrial de Maringá, a CPIM.
Neste novo modelo, a penitenciária mantém convênio com várias empresas, que instalam pequenas indústrias no pátio da instituição e emprega mão de obra de presos, pagando-lhes um salário condizente com a função.
Além do trabalho remunerado, o apenado ainda precisa estudar e se reciclar constantemente com cursos e capacitações oferecidos na unidade. Com este modelo de ressocialização, o Deppen acredita que vai reduzir o índice de reincidência. Hoje, 70% dos presos que cumprem pena em uma penitenciária comum acabam cometendo crimes e sendo presos novamente, ao passo que no novo modelo o retorno à prisão deverá ficar em torno de 6%.
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