Morre a atriz Ilva Niño, famosa por interpretar Mina na novela “Roque Santeiro”
12 de junho de 2024Morreu nesta quarta-feira, 12, no Rio de Janeiro, a atriz Ilva Niño, que se dedicou a grandes trabalhos no teatro, mas será sempre lembrada como a empregada Mina da novela “Roque Santeiro”. Ela tinha 90 anos.
Ilva estava internada no Hospital Quali, em Ipanema, desde o dia 13 de maio, quando passou por uma cirurgia cardíaca.
Tudo começa com Ariano Suassuna
Ao longo de sua carreira de mais de 70 anos, Ilva Niño fez dezenas de montagens teatrais e participou de mais de 30 novelas e várias participações em séries, quase todas da Globo. Inclusive, no momento ela está no ar com o reprise de “Cheias de Charme”, levada ao ar pela Globo depois da edição diária do “Jornal Hoje”. Em “Cheias de Charme” ela é Maria Epifânia Cordeiro de Jesus, mãe de Socorro (Maria do Perpétuo Socorro Cordeiro de Jesus), a trapalhona empregada da cantora Chayene.
O envolvimento de Ilva Niño com as artes começou quando cursava a Escola Normal e participou de um curso de teatro grego ministrado por Ariano Suassuna. Ela acabou atuando na montagem amadora que o autor fez para “Antígona”, de Sófocles.
A partir daí, ela se apaixonou pelo teatro e começou a carreira no Movimento de Cultura Popular durante o governo de Miguel Arraes, no início da década de 1960.
Com o golpe de 1964, ela foi morar com o marido no Rio de Janeiro Os dois já conheciam a cidade, pois haviam se apresentado em um festival de teatro na então capital do país com “O Auto da Compadecida”, em 1957, peça que deu o prêmio de melhor autor a Ariano Suassuna.
Ilva também atuou nas peças “O Berço do Herói” e em “O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes.
Com a contratação do escritor pela Globo, a atriz seguiu com ele e fez vários trabalhos: “Verão Vermelho”, de 1969; “Bandeira 2”, de 1971; “A Patota”, de 1972; “Gabriela”, de 1975; “Pecado Capital”, de 1975 — quando viveu a mãe das personagens de Betty Faria e Elizangela —; “Sem Lenço, sem Documento”, de 1977, e “Feijão Maravilha”, de 1979.
O sucesso popular veio com “Roque Santeiro”, de 1985, quando interpretou Mina, a empregada doméstica e confidente da viúva Porcina.
“Uma pontinha de nada em Roque Santeiro, e a Mina não morreu nunca, até hoje todo mundo grita pela Mina na rua. Foi um grande sucesso, merecidamente um grande sucesso. Dias fez uma parte, depois Aguinaldo Silva pegou a outra parte e continuou o grande sucesso”, disse Ilva Niño ao Memória Globo sobre o sucesso da personagem.
Carreira de Ilva Niño continuou
Na década de 1980, Ilva Niño se consolidou como uma das artistas mais conhecidas da televisão. Além de Roque Santeiro, ela atuou em “Água Viva”,1980; “Partido Alto”, de 1984; “O Outro”, 1987; “Bebê a Bordo”, de 1988, e “Sexo dos Anjos”, de 1989.
Ilva Niño também participou da primeira minissérie da Globo, “Lampião e Maria Bonita”, de 1982, de Aguinaldo Silva e Doc Comparato. Ela viveu Odete, a mãe de Maria Bonita.
A atriz seguiu atuando nos anos 1990 e 2000, com “Pedra sobre Pedra”, de 1992; “Tropicaliente”, de 1994; e “História de Amor”, de 1995. Ela também esteve em “Suave Veneno” e “Terra Nostra”, ambos de 1999; “Porto dos Milagres”, de 2001; “Senhora do Destino”, de 2004; “Alma Gêmea”, de 2005″; e “Sete Pecados”, de 2007.
m 2009, Ilva Niño esteve em “Cama de Gato”. Dois anos depois, em 2011, ela foi a mãe do cangaceiro vivido por Domingos Montagner, em “Cordel Encantado”. A artista destacou que era um trabalho diferente da mãe de Maria Bonita.
“Foi encantado mesmo, é outra relação do cangaço, não era aquela relação do Lampião, era mais fantasia, mais cordel mesmo. Você assiste à novela inteira e os cangaceiros não matam uma pessoa, não dão tiro em ninguém, não usam a arma para nada”, disse a atriz.
Ela também fez a segunda versão de “Saramandaia”, de 2013, e a temporada de “Malhação” de 2015.
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