Acampamento bolsonarista no Tiro de Guerra é removido pela PM
9 de janeiro de 2023 0 Por RedaçãoO acampamento montado na porta do quartel do Tiro de Guerra de Maringá, na Avenida Mandacaru, que durante 70 dias reuniu pessoas que preferiam pedir a implantação de ditadura do que aceitar o resultado de eleição comprovadamente limpa só porque seu candidato foi derrotado, não existe mais. Nesta sexta-feira, a Polícia Militar, a Guarda Civil Municipal de Maringá e a prefeitura tiraram do canteiro central o que restava do acampamento e das laterais da avenida um caminhão de lixo deixado pelos chamados patriotas.
“Acabou! Acabou!”, gritou um ciclista que passou pela Avenida Mandacaru na tarde desta segunda-feira, 9, se deliciando ao ver sendo desmontado o acampamento que serviu de palco para manifestações antidemocráticas desde o dia seguinte ao segundo turno da eleição presidencial, quando Luiz Inácio Lula da Silva conquistou seu terceiro mandato na Presidência, enquanto Jair Bolsonaro não conseguiu se reeleger.
Município age rápido e cumpre determinação do STF
O fim do acampamento acontece no dia seguinte aos atos de vandalismo e terrorismo protagonizados por bolsonaristas que não aceitam a derrota de seu candidato para Lula, insuflados pelo próprio Bolsonaro e sua equipe especializada em divulgação de fake news, invadiram e destruíram parte dos prédios dos três poderes da República – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) – e roubaram objetos. No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou a retirada e dissolução total de todos os acampamentos das proximidades dos quartéis e em rodovias onde ocorriam atos antidemocráticos.
Na manhã desta segunda-feira, apenas algumas horas depois da determinação do ministro Moraes, o prefeito Ulisses Maia (PSD) convocou uma reunião com as forças de segurança da cidade para alinhar o cumprimento da decisão com base nos termos dos artigos 282 e 319 do Código de Processo Penal.
Além de Maia, participaram da reunião o delegado da Polícia Federal Fabiano Lucio Zanin, o sub-tenente do Tiro de Guerra representando o Exército Miguel Angelo Silveira Carrion, o primeiro-tenente da Polícia Militar Murilo Saes, o delegado-chefe da 9ª SDP, Adão Rodrigues, e o secretário municipal de Segurança, Ivan Quartaroli.
O secretário Ivan Quartarolli permaneceu no local durante toda a ação e disse que os patriotas não criaram qualquer problema para impedir a desativação do acampamento. Todos eles deixaram o local antes da chegada das forças de segurança.
Ambiente de hostilidades
Boa parte do pessoal acampado foi o mesmo que negou a existência de uma pandemia de coronavírus, relutava para tomar vacina e que tomou Cloroquina e Ivermectina.
O acampamento, que durante quase 70 dias foi palco de uma série de atos antidemocráticos, por muito tempo impediu o trânsito de veículos nas duas pistas da Avenida Mandacaru, na frente do TG, e por 70 dias impediu o uso da ciclovia existente no canteiro central da avenida. Foi também palco de demonstrações de intolerância, arrogância e falta de respeito, com agressões a transeuntes que demonstrassem não ser bolsonaristas, ataques a veículos que tivessem adesivo do candidato Lula e até mesmo contra profissionais. Um agente da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) foi humilhado, agredido verbalmente e por pouco não apanhou quando tentava recolher um cone que alertava motoristas que passassem pela Mandacaru.
Outro caso que ganhou divulgação no Brasil inteiro foi a agressão a uma equipe de jornalistas da TV Maringá, afiliada Band, durante uma transmissão ao vivo no programa “Brasil Urgente” em sua versão regional.
Sem medo da polícia
O acampamento na frente do Tiro de Guerra de Maringá começou a ser estruturado tão logo foi encerrada a contagem dos votos em que Lula derrotou Bolsonaro no segundo turno da eleição para a Presidência do Brasil. Nos últimos quatro anos, Bolsonaro e sua turma vinham pregando suspeitas sobre as urnas eletrônicas e seriedade do processo eleitoral no Brasil. O então presidente chegou a chamar embaixadores de vários países para ouvir um discurso contra as urnas, sem qualquer prova do que dizia.
Na mesma hora, outros acampamentos nasciam nas frentes de outros quartéis do Exército em todo o Brasil e nas estradas brasileiras, inclusive barrando a passagem de todos os tipos de veículos. Em Maringá começaram a ser formados algumas barreiras nas estradas, mas o que durou foi o da PR-317, na saída para Astorga, em frente do Posto G-10, onde o trânsito de veículo foi impedido por vários dias, sem qualquer interferência da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e da Polícia Militar.
Durante todo o tempo em que permaneceu na porta do Tiro de Guerra de Maringá, o grupo de bolsonaristas não tiveram qualquer preocupação ao propagar atitudes antidemocráticas, agredir quem achavam que não fossem bolsonaristas e profissionais da Imprensa, já que a polícia pareceu não se importar com o que ali acontecia, o Tiro de Guerra não pareceu se preocupar com a ocupação de seu espaço durante tanto tempo. Judiciário e Ministério Público também parecem não ter tido força ou vontade de desobstruir uma das avenidas mais movimentadas de Maringá.
S.O.S. Forças Armadas, S.O.S. ETs
Em todo o Brasil, o que se viu nestes 70 dias foi bolsonaristas golpistas dando demonstrações de estarem vivendo em um mundo paralelo, onde demonstravam acreditar no inacreditável, em mentiras que apareciam por minuto.
A todo momento, os acampados gritavam, aplaudiam noticias que chegavam e eram desmentidas em seguida. Mesmo assim, se preocupavam em compartilhar tais “notícias” e logo em seguida gritavam e aplaudiam uma mentira nova, que era desmentida pouco depois. Parece que se divertiam em serem enganadas ou talvez não conseguiam entender que alguém estava brincando com suas inteligências.
Ficaram famosos os fake news que provocaram festas nos acampamentos, como a anulação da eleição, o Exército nas ruas prendendo petistas, prisão do ministro Alexandre Moraes, do STF e várias outras.