RACISMO: preconceito contra estudantes pretos e pobres mancha brilho dos Jogos Escolares de Paranavaí
24 de abril de 2023Alunos do Colégio Estadual Flauzina Dias Viegas, de um bairro pobre de Paranavaí, foram alvo de manifestações racistas e aporofóbicas de alunos de escolas particulares. Durante competições esportivas pelos Jogos Escolares de Paranavaí, neste final de semana, eles teriam sido chamados de macacos e favelados, além de outras expressões com objetivo de humilhá-los por serem pobres e pretos.
O fato está sendo denunciado por entidades, entre elas a APP-Sindicato, que está buscando providências.
O primeiro incidente ocorreu quando um time do Flauzina Dias enfrentou estudantes do Colégio Paroquial, no sábado. O segundo, no domingo, envolveu atletas do Colégio Nobel. Torcedores de ambas as equipes dispararam ofensas relacionadas à cor da pele e à condição social, periférica e física dos estudantes da escola pública.
Como se as condições da disputa já não fossem desiguais entre um colégio estadual de periferia e colégios particulares com mais estrutura e recursos para o treinamento esportivo, os estudantes da escola pública precisaram lidar com agressões criminosas com o óbvio intuito de desestabilizar a equipe.
Para a APP-Sindicato, tratam-se de ocorrências inadmissíveis em qualquer cenário, em especial nos jogos escolares, que deveriam ser marcados pelos valores de solidariedade e comunhão do espírito esportivo. Vale ressaltar que as equipes cujas torcidas protagonizaram as agressões chegaram à final do torneio, podendo levantar a taça sem qualquer reprimenda da coordenação dos jogos.
Celso Santos, secretário-geral da APP-Sindicato e presidente da Associação Negritude de Promoção da Igualdade Racial (Anpir), com sede em Paranavaí, lamenta os incidentes e cobra medidas imediatas dos responsáveis pela condução dos jogos. “A Secretaria de Estado de Educação e o Núcleo Regional de Paranavaí devem tomar providências para responsabilizar as equipes e coibir o racismo e todas as formas de discriminação em futuras etapas e outros torneios”, assevera.
“A APP presta solidariedade e se coloca à disposição para auxiliar os(as) estudantes e toda a comunidade escolar do Colégio Flauzina em todas as necessárias ações de reparação e justiça”, afirma Celina Wotcoski, secretária de Igualdade Racial e Combate ao Racismo da APP.